Você já foi à oficina e lhe ofereceram a troca de óleo por sucção (ou a vácuo) e ficou na dúvida se valia a pena? Certamente lhe disseram que o processo, que consiste em usar uma cânula para extrair o óleo inserido pela entrada da vareta, é mais rápido, mas ninguém deve ter lhe dito que ele esconde alguns riscos para o motor. “Uma troca de óleo por sucção leva em média 4 ou 5 minutos”, diz José Palácio, auditor do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA). E a troca por gravidade? “Existem fatores que podem atrapalhar a retirada do bujão do cárter (tampa), mas, entre levantar o carro e esgotar todo o óleo, uma boa troca leva em média 20 minutos”, diz Rogério Galvão, gerente da Flexlub, empresa especializada em troca de óleo.
Restinho no fundo
O primeiro perigo da troca a vácuo é quando o motor não está quente. “A 90 ºC, a viscosidade diminui e o óleo sai com mais facilidade”, diz Fábio Silva, supervisor de engenharia da Renault. Quando está frio, a troca por sucção não elimina todo o lubrificante velho. “E óleo oxidado penaliza a vida útil do óleo novo”, afirma Waldemar Christofoletti, do Comitê de Veículos Leves da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade). Em contato com o óleo velho, a tendência é que o novo perca a viscosidade. “Em minha oficina, só faço a troca com a remoção do bujão, assim quase 100% do óleo velho é retirado. Na troca por sucção, há o problema de motores em que a sonda não atinge a parte mais funda”, diz o mecânico Pedro Luiz Scopino, consultor técnico do Sindirepa, o sindicato dos mecânicos de São Paulo.
Isso piora quando o prazo de troca não é respeitado e surge a borra. A sucção não elimina todo esse óleo pastoso. “Só uma troca por gravidade conseguirá escoá-lo. Às vezes nem assim, tem de fazer a descontaminação, que vai do uso de uma substância que remove a borra à abertura do cárter”, diz Galvão. E isso não sai barato. “A descontaminação parte de 200 reais e pode chegar a 800. Já a troca de óleo começa em 60 reais, mas pode chegar a 500 no caso de motores grandes que só usam óleo sintético”, afirma ele.
Além de não eliminar todo o lubrificante velho, a sucção oferece outros riscos. “O motor gera micropartículas de metal que ficam no fundo do cárter, que é projetado para ficar na parte mais baixa do motor. Quando se escoa o óleo por baixo, essas micropartículas são eliminadas. Quando se faz a vácuo, pode sobrar uma lâmina de óleo com partículas sólidas”, afirma o supervisor da Renault. José Palácio é ainda mais incisivo. “A sucção não consegue tirar os microcomponentes sólidos que ficam no fundo do cárter.”
A troca por vácuo pode também introduzir novos resíduos no motor. “Um dos problemas de inserir uma sonda é que ela pode estar contaminada com algum tipo de sujeira. E no caminho ela ainda pode afetar peças, dos retentores à ponta do pescador da bomba, num caso extremo”, diz Christofoletti.
Mas, se é tão contraindicada, por que se usa a troca a vácuo? Porque pode ser útil em algumas situações. “Só troco o óleo por sucção se o cliente pede. Em geral ele diz que o bujão está com algum problema ou que o cárter amassou”, afirma Galvão. “Há montadoras que aprovam o sistema e outras que não. A Peugeot, por exemplo, usa máquinas de sucção em suas concessionárias; a Ford não. A Mercedes-Benz é a única que tem os dois sistemas, mas são muito criteriosos no uso da sucção”, diz Palácio. Segundo Christofoletti, o problema não é o processo em si, mas o rigor necessário. “A sucção exige muitos cuidados para ser bem feita, enquanto a por gravidade já foi idealizada como o padrão nos veículos. Na troca por gravidade, não há implicação nenhuma.”
A TROCA IDEAL
Para que a troca de óleo seja sempre bem feita, é importante que o motor esteja em sua temperatura ideal de funcionamento, ou cerca de 90 ºC. Se você tiver de esperar pela troca de óleo, deixe o motor funcionando até levá-lo para o lugar de troca ou ligue-o por uns 10 minutos antes de começar o processo. Certifique-se de que o bujão seja corretamente retirado, sem danos ao cárter, e que o escoamento de óleo dure pelo menos 15 minutos, para eliminar todo o lubrificante velho. Fique atento também à recolocação do bujão, em especial se o cárter for de alumínio. “Se exagerar no torque de aperto, ele pode trincar e vazar”, afirma Rogério Galvão, gerente da Flexlub. Na troca por sucção, certifique-se de que a sonda está limpa e de que ela é mais fina que a passagem pela vareta de óleo. Se ficar justa, pode gerar pressão no interior do motor e danificar os retentores e juntas do motor. Também não tenha pressa e recorra a pessoal especializado, que saiba manejar o equipamento corretamente, para evitar danos às peças do motor.
referência
http://quatrorodas.abril.com.br
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