É muito comum, nas aulas de projeto de produto no curso de design da faculdade, os alunos se empolgarem e quererem fazer um trabalho um pouco mais rebuscado, com partes mecânicas ou eletrônicas e fatalmente esbarram no conhecimento técnico. Quase sempre ultrapassam a barreira da competência pensando que podem resolver os problemas do mundo e ficam frustrados.
O designer tem a incumbência de projetar a interface homem/máquina, termo utilizado que significa projetar tudo que entra em contato como ser humano ou fica ao seu alcance.
Então, em um artefato eletrônico qualquer, ferramentas, brinquedos, carros etc., ele pode fazer tudo que puder para melhorar a vida do ser humano. Pode e deve dar a diretriz de como um produto deverá ser feito, como dimensões, a ergonomia, campos de visão, escolha de materiais etc., mas quando chega a hora de detalhar componentes internos mais complexos, fatalmente chegará um momento em que ele terá de passar a bola para outro profissional especializado. Nada mais normal no mundo industrial.
Até que a atribuição de um designer é bem complexa e abrange muitas áreas, então, nada mais justo que deixar cada profissional com sua competência.
Em quase tudo que diz respeito à indústria, produtos que efetivamente sofrem algum tipo de transformação em uma linha de produção, o engenheiro é um companheiro inseparável do designer. Aliás, sempre há aquelas picuinhas de um lado e de outro reclamando que um invadiu a área alheia. Isso é uma tremenda bobagem e perda de tempo.
É preciso entender que não há uma barreira delimitando até onde cada profissional pode avançar. Há produtos que um designer pode fazer de forma completa, sem ajuda técnica de nenhum outro profissional, como móveis, por exemplo. Da mesma forma, o engenheiro, mesmo sendo uma profissão dedicada ao cálculo, também avança com maestria em diversas áreas do design.
Na verdade, os dois se completam. Durante 20 anos, trabalhei ao lado de um engenheiro mecânico e posso dizer que nos completávamos de forma harmônica. Aprendi muito com ele todo o lado mais técnico dos materiais e processos. Da mesma forma que ele aprendeu muitos conceitos de design comigo, passou a ver os mecanismos como devem ser, feitos para servir o homem e não apenas para funcionarem bem.
Da mesma forma há o arquiteto, um outro profissional que frequentemente divide o espaço com o designer. Geralmente no campo mobiliário. Mas há grandes nomes da arquitetura sendo louvados como designer, como o famoso Phillip Starck.
Só que o arquiteto tem as mesmas limitações que o designer no que diz respeito a mecanismos em geral, partes mecânicas. Fatalmente também terá de trabalhar ao lado de um engenheiro. Só que normalmente, o engenheiro que está ao lado dele é o civil, ao passo que o que está sempre ao lado do designer geralmente é um engenheiro mecânico.
Resumindo: cada um na sua competência e todos se ajudando para se completarem.
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