Eletrizante e quente – 
Velas de ignição de um motor preparado são exigidas ao limite e pedem revisões constantes. Entenda por que!
 
        Responsáveis por iniciar a combustão de um motor, as velas de ignição
 necessitam de atenção especial, principalmente em motores modificados. 
Afinal, em propulsores originais, a temperatura interna já pode chegar 
aos 800º C. Além disso, as peças são expostas a grandes pressões. 
Portanto, se nos carros originais elas são muito exigidas, imagine em um
 modelo preparado…
        
Segundo Teco Caliendo, Consultor Técnico de FULLPOWER, um veículo com 
preparação leve, como filtro de ar esportivo, chip e escape, não 
necessita de atenção às velas de ignição além da recomendação do 
fabricante. Mas, se um motor recebe sobrealimentador ou for aspirado 
para trabalhar com uma taxa de compressão e volume de admissão muito 
maiores em comparação ao original, o dispositivo de ignição tem mais 
dificuldade em realizar a centelha. “Como há muito mais combustível e ar
 no mesmo local, a eletricidade sofre uma resistência muito maior para 
saltar no eletrodo e isso já é suficiente para gerar um desgaste maior”,
 explica.
 
            “Um carro que trabalha com maior pressão dentro do motor, 
recomendamos trocar com a metade de seu tempo útil, que varia de acordo 
com cada marca”, explica Caliendo. “As velas têm que ser, no mínimo, 
verificadas a cada 5 mil quilômetros. E isso é serviço para o preparador
 realizar e verificar seu estado corretamente”, sugere o especialista. 
As principais características das velas envelhecidas surgem com 
dificuldades para o veículo ligar na partida a frio, falha em 
acelerações fortes e em altas rotações. “O carro fica péssimo de andar e
 trafegar com o veículo assim é prejudicial para o motor, pois começa a 
carbonizar a câmara de combustão, especialmente as válvulas de escape”, 
explica Caliendo.
          Em um propulsor de alta performance, as velas de ignição são cruciais
 pela refrigeração da câmara de combustão, uma vez que seu grau térmico 
(a classificação varia entre as marcas) auxilia na perda ou mantimento 
do calor interno do motor. A diferença do grau térmico da vela está na 
quantidade de cerâmica em sua parte interna, permitindo com que mais ou 
menos calor seja dissipado. Por esse motivo, nas trocas de vela, é 
importante utilizar componentes com o grau térmico definido pelo 
preparador. “Se a vela usada for mais fria que a recomendada, haverá 
carbonização. Se for mais quente, pode haver pré-ignição”, diz o 
especialista. Portanto, faça a revisão do veículo regularmente com um 
mecânico de confiança para ter um motor sempre forte e com vida útil 
longa!
 
        Acima, um calibre, ferramenta utilizada para medir o espaço existente
 entre o eletrodo e a carcaça lateral da vela. Na teoria, quanto maior 
for este gap, melhor é a combustão, pois a faísca teria maior contato 
com a mistura ar-combustível. Na prática, a resistência criada pela 
própria mistura exige um espaço pequeno, pois sua resistência impede o 
centelhamento.
A história
        A primeira patente de vela de ignição surgiu em 1860, pelo Belga Jean
 Joseph Étienne Lenoir. Robert Bosch, por sua vez, patenteou a 
sua primeira vela de ignição de alta voltagem em 1898! Este dispositivo 
de ignição começou a ser vendido somente em 1902 e evoluiu até chegarmos
 aos moldes atuais.
fonte:http://revistafullpower.com.br/
Por Márcio Murta
Fotos João Mantovani