Confortável e silencioso, o modelo ajudou a construir a imagem de requinte associada à GM
A década de 70 marcou um momento singular da indústria brasileira: pela
primeira vez Ford, Chrysler e GM competiam entre si no segmento de
carros de luxo nacionais. Ford Galaxie e Dodge Dart eram os principais
representantes da escola americana, mas ganharam um concorrente de peso
em 1975: o Chevrolet Comodoro.
Praticamente um Opala com outro
nome, ele mantinha a receita de projeto alemão e mecânica americana, mas
tinha sua própria identidade graças ao luxo que o distinguia do irmão
mais simples. A pintura metálica era exclusiva, o teto era sempre
revestido de vinil (inteiriço no sedã e em parte no cupê) e o aço inox
predominava nos frisos e sobrearos. Faróis de neblina, molduras dos
faróis e centro das calotas da cor do carro e uma profusão de emblemas
completavam a decoração exterior.
O desempenho estava à altura do
requinte: trazia o tradicional seis-em-linha de 4,1 litros, com 148 cv
(brutos). Para uma tocada mais nervosa, o câmbio manual de quatro
marchas tinha alavanca no assoalho e os largos pneus 7,35 x 14 davam seu
melhor para manter o pesado Chevrolet na trajetória. Mas ele deixava a
desejar nas curvas, graças à distribuição de peso ruim e à suspensão
macia.
O teste publicado em abril de 1975 comprovava suas
credenciais esportivas: 0 a 100 km/h em 15,3 segundos e máxima de
165,442 km/h. "O motor, com muita força, permite boas acelerações e
retomadas de velocidade bem rápidas", dizia o texto, que elogiava o
conforto para cinco e o baixo nível de ruído. Em trechos de serra,
andava junto dos Dart e Galaxie, mas levava um baile do luxuoso Alfa
Romeo 2300. Os freios também eram um ponto negativo.
Porém ele
era quase imbatível na cidade: os assentos reclináveis faziam a festa
dos namorados e o interior apresentava um belo carpete de buclê de
náilon (preto e marrom) e uma imitação de jacarandá no painel e volante.
Mas ainda estava abaixo do Ford Landau. Direção hidráulica e
ar-condicionado eram um mimo a mais, numa época em que eram itens
restritos aos automóveis mais caros e exclusivos.
Em 1976, ganhou
a opção de motor 250-S: tuchos de válvulas sólidos, taxa de compressão
alta, commando esportivo e carburador duplo o levaram a 171 cv. No ano
seguinte, recebeu câmbio mais longo e a opção de um quatro-cilindros de
98 cv.
O carro mostrado aqui é um 1976, do juiz de direito José
Gilberto Alves Braga Júnior, de Santa Fé do Sul (SP). Foi encontrado em
1994 quando era preparado para provas de arrancada. "O carro apresentava
detalhes não originais, mas boa parte da pintura ainda era de fábrica,
bem como o interior", diz Braga. "Já o vinil estava em perfeito estado."
Sucesso
de público e de crítica, alcançou 500000 unidades em 1978. Perdeu o
posto de GM mais sofisticado no ano seguinte, com o Diplomata, um Opala
ainda mais requintado. Nada mais restou ao Comodoro senão atravessar a
década de 80 como o Segundo Chevrolet mais luxuoso, prestígio que ele
manteve até o fim da linha Opala, em 1992.
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