segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Porsches GT3 e GT2

Porsches GT3 e GT2: tão parecidos, mas tão diferentes
Dois esportivos iguais apenas na aparência são diversão garantida

Eric Simpson
Porsche 911 GT2 & Porsche 911 GT3
A personalidade é um dos pontos que podem definir um cara legal. Lutando por justiça, eis aqui um guerreiro de coração pacífico, sempre do lado do politicamente correto: o Porsche GT3. Do outro lado do ringue, temos um vilão: o GT2, que virou um demônio com uma série de modificações. A não ser por pequenas diferenças no penteado, escritores procuram deixar seus personagens parecidos. Eles geralmente têm vidas parecidas que os levam ao mesmo lugar no tempo e no espaço. Brigam para salvar ou arruinar a humanidade, mas na maioria das vezes o mocinho acaba vencendo, mas quem disse que nossa percepção do universo funciona em qualquer dimensão?
No quente deserto da Califórnia confrontamos dois carros aparentemente iguais, mas com temperamentos bem diferentes. Um deles permaneceu quase original e o outro recebeu uma série de modificações da preparadora GMG, que desenvolve componentes de carros de corrida para serem posteriormente usados em modelos de rua. Itens da suspensão até o sistema de escape passam pelas pistas em testes severos antes de seguir para as lojas. Nesses dois Porsches, a GMG se concentrou no ajuste de suspensão, que é fundamental para contornar curvas de alta velocidade. E as regulagens foram feitas graças à substituição das peças originais por outras ajustáveis. Assim, buchas de borracha deram lugar a modelos especiais de aço. E conseguimos deixar tudo no lugar em que gostaríamos que estivessem em um teste radical como esse.
Eric Simpson
Porsche 911 GT2
O GT3 usa um conjunto de molas e amortecedores vindo de fábrica, enquanto o GT2 conta com outro fabricado pela alemã Eibach, fabricado de acordo com as especificações da GMG. Ambos os carros testados tinham barras estabilizadoras da preparadora. E o GT2 ainda levava reforços usados em competição. Com centro de gravidade alterado, o que também mudou a transferência de peso lateral, deu sinal verde para acelerar mais nas curvas. Mas é bom lembrar que boa parte dos componentes da suspensão que usamos não foi feita para motoristas medianos, dispostos a gastar um dinheiro para impressionar seus vizinhos. São peças para corridas, que requerem mão de obra especializada tanto para ajuste quanto para manutenção. Se você gasta tanto tempo admirando seu 911 no estacionamento da cafeteria depois de tomar um capuccino quanto leva para dirigi-lo, esses componentes não te servem.
Eric Simpson
Porsche 911 GT3
Mas existe algo que ninguém deixaria de comentar isso seria o sistema de escapamento dessa dupla. O diabólico GT2 recebeu um coletor que não apenas acrescentou alguns cavalos, mas também reduziu 5.5 quilos de peso e ainda atende às exigências da legislação. No GT3 os coletores de escape foram apenas trocados por outros do tipo 3x1, feitos de titânio, o que deu ares de Fórmula 1 ao 911. Nos dois carros, o ronco do motor ficou agressivo, mas sem incomodar demais os ouvidos dos ocupantes. O resultado disso tudo é que o GT3 ficou com 548 cavalos e o GT2 cravou 680 cv no dinamômetro. Aparentemente, seria possível chegar nos 695 cv, mas optou-se por preservar a durabilidade do conjunto mecânico. Será que esses dois carros ainda são parecidos para você? O que fica claro é que o GT3 é potente, mas o GT2 tem um acerto de suspensão que faz grudar as rodas no chão. Qualidades dos dois lutadores: um tem força bruta e o outro a técnica de um mestre. Ambos têm méritos, mas nenhum é muito mais que o outro.
Aqui no deserto da Califórnia nós aprendemos qual é a verdade sobre esses carros. Os dois não vivem apenas de aparência. O GT2, com um imenso aerofólio e enormes pneus traseiros, parece que vai apontar um canhão pela janela traseira tamanho o jeito de poucos amigos. E o GT3, com carroceria brilhante, exibe freios Brembo e um conjunto bem equilibrado tem jeito de um exímio campeão das pistas. O primeiro aproveita sua sobra de força e dispara como um leopardo dando um bote preciso. Os turbos se enchem rápido e a potência pulsa sem parar. Com ajuda dos largos pneus de 235 milímetros na frente e de 335 atrás, um dos pontos marcantes desse carro é o poder de aceleração. Por causa dessa sobra de fôlego, você não precisa ter medo de voar. O problema é dosar bem a força no acelerador para não deixar a traseira ir para o espaço.
Eric Simpson
No GT3 os pneus têm 265 milímetros no eixo dianteiro e 305 no traseiro. Apêndices aerodinâmicos abrigam as rodas de tala 10, que deixam à mostra parte das pinças de freio e dão um equilíbrio perfeito ao carro, que se mostra neutro até mesmo no meio das curvas. Toda a cavalaria é entregue com suavidade e sem sustos, embora não haja a força brutal do GT2. Apesar disso, a interação com o carro é tanta que o piloto parece poder controlar as quatro rodas separadamente. Aqui cabe uma rápida comparação: enquanto o GT2 parece mais um gigante com duas mãos destruidoras, o GT3 é um samurai que luta bravamente até o final, sem decepcionar. A diferença é fascinante.
Eric Simpson
Preparação de competição do GT2
Outro ponto marcante do GT3 é sua incansável capacidade de não perder o fôlego depois de horas e horas queimando gasolina sem sair dos trilhos, ou derreter a borracha no asfalto. Funciona com uma precisão cirúrgica impressionante. Já o GT2 precisa de um espaço bem grande para despejar toda sua potência. Longas curvas e retas para mascar seus pneus e deixar seus rivais para trás. Horas na pista com esses dois Porsches permitiu que aproveitássemos toda a brutalidade do GT2, um bárbaro. E apreciar toda a capacidade refinada do GT3, um cavalheiro. Em qual desses dois lados você está?
Eric Simpsonc
referencia
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista

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