sábado, 26 de fevereiro de 2011

design inspiração

Em busca de inspiração
Ford Forty-Nine
Projetistas recorrem a modelos do passado para as
novidades: falta de opções ou de criatividade?
Texto: Eduardo Alves - Fotos: divulgação
A indústria automobilística vive hoje uma situação inusitada. Com tantos fabricantes, modelos e culturas diferentes, vê-se uma enxurrada de novidades, algumas curiosos, outras audaciosos e outras ainda apenas harmoniosas. Contudo, com a falta de novas idéias, nunca se viu um ressurgimento tão intenso e numeroso de modelos já descontinuados.

Após um exercício de design de alguns alunos da Califórnia, colocando linhas atuais no saudoso Fusca, a Volkswagen apostou na idéia e relançou um dos maiores sucessos mundiais de todos os tempos. Com nova roupagem e motor dianteiro refrigerado a água, o New Beetle se transformou num sucesso de vendas e iniciou uma nova fase na indústria automobilística.
Começou com um projeto de interpretação moderna do Fusca, em 1994
(à esquerda), e chegou às ruas com sucesso: o VW New Beetle
Essa busca de inspiração no passado talvez se dê pela falta de possibilidades de se criarem coisas novas nesse amontoado de aço, vidro, borracha e plásticos chamado automóvel. Quando não há a inspiração "retrô", muitos elementos de estilo são descaradamente copiados, como os novos faróis do Palio -- quase iguais aos do Gol -- ou o desenho de inúmeros modelos japoneses e coreanos. Não há como não pensar em BMW ao ver um Mitsubishi Galant, assim como o Lexus LS 400 é um Mercedes de olhos puxados.

Alguns veículos, depois de reestilizados, perdem apelo. É o caso do novo Citroën Xsara, com enormes faróis que avançam sobre os pára-lamas, grade e logotipo dianteiro muito grandes, de gosto duvidoso. Para muitos, melhor seria se não houvessem mexido, pois o anterior era mais bonito e ainda atual. O mesmo vale para o Subaru Legacy e a Renault Scénic, que perderam harmonia de conjunto na linha 2001. Outro caso bem evidente é a nova linha S10/Blazer, em que a grade destoa totalmente dos faróis e do restante da carroceria.
Com linhas angulosas e desajeitadas, a Pontiac esperava fazer do Aztec um utilitário inovador. Conseguiu um dos maiores "micos" da história recente da indústria americana
Em outros veículos as marcas nem se atrevem a mexer, como o Uno Mille, desenhado há 18 anos, que segura as pontas graças ao preço. É também o caso do Santana, que resiste graças à confiabilidade mecânica e relação custo-benefício. Mas, ao lado de modelos bem mais modernos, o veterano sedã parece uma mistura de estilos que descaracteriza o bom trabalho realizado há dez anos.

Essa falta de criatividade chegou ao ápice com o maior fracasso da indústria automobilística norte-americana nos últimos tempos, o Pontiac Aztec. Um utilitário-esporte com linhas até modernas, abusando da criatividade, com recursos estilísticos poucos comuns: lanternas sobre o capô, separadas dos faróis, grande pára-choque dianteiro na cor preta, com enormes entradas de ar por todos os lados, coluna central afastada, bem próxima à coluna traseira, entre outras aberrações. Das 75.000 unidades previstas pela GM, apenas 11.000 foram vendidas até que a marca anunciou uma reestilização para breve, muito breve.
O lançamento do Thunderbird 2002 no último Salão de Detroit: um bem-sucedido retorno ao passado que pode estimular a fabricação do Forty-Nine, conceito da Ford apresentado no mesmo evento (foto no alto)
No passado   Talvez por isso os projetistas estejam se inspirando em modelos já descontinuados. Depois do Beetle, o grande sucesso do momento nos Estados Unidos é o PT Cruiser, da Chrysler. Inspirado nos carrões dos gângsteres americanos dos anos 30, agradou em cheio ao público americano, mas foi recebido no resto do mundo com menor empolgação.

A Ford seguiu a tendência e lançou um novo Thunderbird, com a grade quadriculada e os faróis redondos, cópias quase perfeitas do modelo
lançado nos anos 50. Mas o candidato a "frisson do ano" talvez seja o Ford Forty-Nine, ainda um carro-conceito. Inspirado nos sedãs da marca nos anos 40 e 50, é um perfeito hot rod: com cara de mau e um potente motor de 252 cv, alia tecnologia e nostalgia numa união quase perfeita. É esperar para vê-lo nas ruas.
O novo estilo dos Volvos está bem presente no S60, com sua queda suave da traseira que lembra um cupê: exemplo de criatividade com bom resultado
Até o emblema da Fiat buscou inspiração no passado, passando das cinco barras diagonais para uma coroa de louros com o nome da marca dentro, bem nostálgico. Outros veículos como os BMWs Z3 e Z8, o Mazda Miata, o novo Mini inglês, o conceito Microbus da Volkswagen, os faróis ovalados da Mercedes Benz, a nova frente do Jeep Liberty e o projeto Nissan Z apresentam fortes influências em modelos produzidos no passado, seja apenas conceitual, seja nos elementos de estilo.

Mas nem tudo é cópia. Há belos exemplos de inspiração, sem apelar para cópias do passado. Modelos como o Citroën Xsara Picasso, Peugeot 307, Ford Focus, Toyota Yaris e Volvo S60 são uma aula de estilo e modernidade, que mostram que a aparente falta de novos estilos talvez seja, na verdade, apenas falta de inspiração.


fonte:http://www2.uol.com.br/bestcars/

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