sábado, 26 de fevereiro de 2011

Gangorra de estilos no design automotivo

Marcas combinam elementos de design do passado com tendências futuristas na busca por veículos mais criativos

Afonso Carlos/Carta Z Notícias Costumam dizer que a moda vai e vem, ou seja, se reinventa em tendências do passado. No design automotivo, a regra parece ser a mesma. Automóveis que já fizeram sucesso décadas atrás podem servir de inspiração para futuros modelos. Para ter uma ideia, no início dos anos 90, predominavam nas ruas automóveis com formas orgânicas, que remetessem a forma presentes na natureza. Após a saturação, as marcas começaram a investir em modelos com linhas mais lapidadas e geométricas. Tempos depois, o que saía dos estúdios de design do mundo inteiro eram carros que misturavam os dois conceitos. E a previsão é que essa alternância dite as próximas gerações de automóveis. "O que se vê é uma movimentação das marcas para o projeto de veículos com linhas orgânicas, que fizeram sucesso na década passada. O que acontece na indústria automotiva é o mesmo que acontece na moda", exemplifica Edilson Luiz Vicente, designer e projetista automotivo.

Além das novas tendências, as fábricas não deixam de apostar em sua própria linha de design, o que eles pomposamente chamam de "DNA da marca". A ideia é seguir uma coerência de estilos, onde o consumidor seja capaz de identificar a origem do veículo sem precisar verificar a logomarca na grade dianteira. Uma das fabricantes mais radicais nesse sentido é a Land Rover. A marca inglesa preserva uma proposta estética coerente desde que lançou seu primeiro modelo, em 1948. "Nenhuma marca pode permanecer em um mesmo design para sempre, pois corre o risco de se tornar um objeto de museu. Se você olha um Range Rover dos anos 70 e um atual dá para perceber uma evolução, mas todos guardam semelhanças. O que também não pode é a marca perder a originalidade", defende Luiz Tambor, diretor de marketing e vendas da Land Rover.

Fabricantes como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, por sua vez, são bastante moderados. Evitam criar modelos com muito arrojo, que fujam do padrão já conhecido por seus fiéis clientes. "A ousadia pode ser um caminho perigoso. Por isso, é comum que as marcas se mantenham sóbrias, correndo menos riscos", ressalta Edilson Luiz. Avessa à tendência que "familiariza" toda a linha, a italiana Fiat optou por outro caminho, especialmente no mercado brasileiro, embora a inspiração da marca tenha base na conhecida excelência do design italiano. "Não queremos um único visual para toda a marca. Nosso objetivo é que cada modelo tenha uma espécie de assinatura própria, uma alma", teoriza Peter Fassbender, gerente do Centro de Estilo Fiat América Latina.

Só que, apesar do design automotivo trabalhar de maneira cíclica, existe uma evolução constante de tendências. E o maior desafio dos designers é pensar em um automóvel do futuro. A questão é que, desde o início do projeto de um modelo até sua chegada à concessionária, os profissionais têm de pensar a longo prazo. Em média, os carros são projetados com uma antecedência de aproximadamente cinco anos. Desta forma, o estúdio tem de fazer uma espécie de previsão das tendências estilísticas do futuro para não correr o risco de ter um modelo desatualizado. "É basicamente uma questão de 'feeling' do profissional. E, se não há esse preparo, corre-se o risco de arruinar toda uma linha de montagem", prevê Ricardo Bock, professor de Engenharia Mecânica da FEI, em São Paulo. "Como designers, buscamos inspiração no passado. Mas como designers da Nissan, preferimos pensar no futuro, conectado com as ambições dos clientes", valoriza Alfonso Albaisa, vice presidente de design da Nissan das Américas.

Algo que ajuda as marcas nessa parte são os chamados "show cars", ou protótipos expostos nos salões de automóveis. Eles servem como uma espécie de laboratório para medir o gosto do público e se as linhas sugeridas para o futuro vão realmente agradar e cair no gosto de potenciais clientes. "Não adianta oferecermos alguma super tendência para o design se o consumidor não compra. A grande sacada é estar sempre atento ao que a sociedade quer. E resgatar estilos quando for preciso", completa João Marcos Ramos, designer chefe da Ford América do Sul.

fonte:http://noticias.primeiramao.com.br/

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