quinta-feira, 10 de março de 2011

Design e ergonomia andam juntos



O Design e Ergonomia caminham juntos na elaboração tanto do projeto de um carro como qualquer objeto que se relacione com o ser humano.
            O termo ergonomia surgiu nos anos 1800, mas os primeiros estudos de como eliminar esforços desnecessários no trabalho surgiram no século XIX, conduzidos por Frederick Taylor. A ergonomia só teve sua importância, porém, na época da Segunda Guerra, quando o tenente do exército americano Alfonse Chapanis demonstrou que um piloto de caça poderia errar menos se comandos e postura fossem estudados de forma a se adaptarem ao homem.
A ergonomia faz parte do currículo de formação de um Designer de Produtos. Ela anda junto com qualquer projeto que fazemos porque o design tem como princípio projetar objetos ou sistemas de forma que sirvam ao ser humano com conforto e intuitividade.



         

Nunca foi tão grande a corrida das montadoras para construir carros mais confortáveis e seguros. Exatamente por isso, a ergonomia -- a ciência responsável pela interação do homem com a máquina-- é um dos aspectos mais trabalhados atualmente. O interior dos veículos é carregado de conceitos ergonômicos: posição dos bancos, volante, botões, cintos de segurança, alavancas do câmbio e do freio de estacionamento, tons que iluminam o ambiente, grafismos. Tudo é minuciosamente desenhado para fazer do habitáculo um lugar acolhedor, seguro e prático.




A ergonomia fica entre o design e a engenharia. Acompanhamos os carros desde a elaboração do protótipo. Temos peso nas decisões, podemos barrar certas idéias, como um simples posicionamento de um rádio, exemplifica Rosane Schonblum, designer de ergonomia da Ford.
             De todos os aspectos, porém, a visibilidade é o ponto crucial na relação homem versus veículo. Padrões internacionais indicam que, para ser homologado, um automóvel precisa atender a uma faixa média de estatura que vai de 2,5% da população até 97,5% dela. Tudo a partir do chamado ponto "H", uma posição universal que respeita ângulos recomendados para a junção da articulação do tronco com as pernas. Ou seja, um mesmo carro tem de receber uma mulher com 1,49 metros de altura e um homem de 1,88 m.



Ergonomia em evolução


Mesmo enfileirados no console central, comandos do Santana tinham lógica difícil e falta de identificação.
                                            
Novo Gol já conta com regulagem de altura de banco (motorista) e volante e comandos do som na direção (como opcional); ajuda, no entanto, ainda custa caro para um popular.

             No Jetta, mais caro sedã médio da VW à venda por aqui, comandos bem posicionados, câmbio tiptronic e até ajuste lombar no banco (além de altura e distância) dão maior conforto ao ocupante.
"A primeira coisa que fazemos num projeto é verificar o posicionamento dos manequins e analisar suas movimentações no interior do veículo. Só depois partimos para a parte estética", completa Gerson Barone, gerente de design da Volkswagen.
                                    
               Desta forma, no projeto, tanto a mulher de 1,49 m como o homem de 1,88 m têm de alcançar pedais e volante confortavelmente, com os olhos numa posição que permita enxergar com clareza o quadro de instrumentos, os espelhos retrovisores e os quatro cantos do veículo. "A ergonomia visa dar maior controle à dirigibilidade, principalmente por meio da visão", pontua Arnaldo Marques, engenheiro associado da SAE Brasil (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade).
                                         

              O sinal de que a ergonomia está realmente em alta surge nos modelos novos. Quase todos, mesmo compactos de entrada como o Volkswagen Gol, oferecem de fábrica algumas regulagens, como as de altura do assento do motorista ou do volante, itens antes restritos a modelos médios.
             "O grande problema da ergonomia são essas dimensões. Os carros precisam ser confortáveis para pessoas de diferentes tamanhos e todos têm de achá-los agradáveis. Afinal, precisam vender", aponta Ricardo Bock, professor de engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana), de São Bernardo do Campo (SP).


               Por enquanto, ainda é preciso pagar por fora para ter ajustes de bancos e volante na maioria dos modelos compactos, justamente os mais vendidos. Mas a oferta desses itens é uma tendência forte dentro da indústria.

           "Os carros já são projetados para atender a maioria dos consumidores. E com essas regulagens é possível atender a quase 100% das pessoas", ressalta o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat. Outra novidade cada vez mais comum são os painéis com botões e tipografias maiores. A idéia é fazer com que o acesso fique melhor e mais intuitivo, para evitar que o motorista precise desviar o olhar da via para acessá-los ou aperte comandos errados. "As pessoas têm de saber onde estão os comandos, independentemente se conhecem ou não um veículo", observa Rosane Schonblum, da Ford.



Referências

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