segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Acessórios: quanto vale o conforto?



    Duas horas e 43 minutos. É quanto, em média, o paulistano gasta diariamente no trânsito, segundo pesquisa do Ibope feita no começo do ano para a ONG Movimento Nossa São Paulo. São 13 minutos a mais que em 2008. Troque o nome São Paulo pelo da sua cidade, e a realidade será quase a mesma. A cada ano se gasta mais tempo dentro do carro por conta dos engarrafamentos, como aponta o estudo. E com tantas horas preso no automóvel, o brasileiro vem investindo em conforto para suavizar a angústia. “As vendas de acessórios voltados ao bem-estar crescem à taxa de dois dígitos”, afirma Paulo Roberto Dutra, da InMarket Consultoria. “Itens que eram considerados de luxo no passado, como ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos, são cada vez mais comuns inclusive em modelos 1.0.”
.      A lista de acessórios voltada ao conforto e à segurança explodiu nos últimos anos. Sensor de estacionamento e Bluetooth são os que lideram a preferência, segundo os lojistas. Mas vem crescendo a participação de outros equipamentos antes considerados supérfluos. “Já perdi a conta de quantos carros eu vendi por conta da geladeirinha”, diz Tadeu Alencar, vendedor de uma autorizada Citroën sobre a C4 Grand Picasso importada da Espanha. A minivan de R$ 90 mil traz minigeladeira no painel como item de série. Coisa rara. Por causa da baixa oferta das fabricantes, o equipamento não é encontrado na maioria dos modelos à venda no país. Por isso fatura alto quem oferece geladeira portátil para carro. “É um sucesso”, garante Plínio Rocha, da revendedora Stroebel de São Paulo, que a vende por R$ 300 (marca Black & Decker). O aparelho, que também aquece, é ligado por meio da tomada de 12V. “Em geral, quem compra é taxista ou gente com família grande e que vive na estrada.”
Sensor de estacionamento e câmera de ré são as coqueluches de acessórios
         Esse é o mesmo público que não economiza para colocar mesinhas tipo avião atrás do banco dianteiro. Em modelos como Fiat Idea e Chevrolet Zafira o equipamento já vem de série. Como opcional, ele não é oferecido em nenhum veículo. Mas há solução. Por menos de R$ 100, você encontra o item em lojas especializadas. Uma delas é a Picolé Brasil de São Paulo. A empresa oferece a peça que é presa ao banco dianteiro por elástico. Não há furos. Por isso a fabricante diz que o produto, voltado ao público infantil, pode ser usado em qualquer carro.

Big brother
“A sensação da vez é a câmera de ré”, garante Dutra, da InMarket. Segundo ele, o dispositivo que aciona uma câmera na hora da baliza já virou uma coqueluche. “Se no ano passado vendia 50, hoje vendo mais de 100 por mês”, afirma Cícero Moraes, gerente da loja de autopeças Rede Auto. Disponível como item de série em modelos de luxo como Audi Q7 ou em recém-lançados como o Kia Soul, a câmera pode ser encontrada em lojas de acessórios automotivos ou em sites de leilão virtual. Mas fica o alerta: boa parte delas são adaptações, com equipamentos comprados no comércio de material eletrônico. A dica do Procon-SP é fazer o serviço em lojas renomadas e exigir a nota fiscal do serviço – “o instalador tem que assumir qualquer possível defeito da parte elétrica do carro”, diz Evandro Zuliani, diretor de atendimento do órgão. Se o carro for 0 km, perde-se a garantia de fábrica da área mexida. A instalação não é complicada e pode ser feita em qualquer loja de som automotivo. O segundo alerta: para ter a câmera, o para-choque traseiro ganhará um belo furo.
Sem a instalação, o kit da marca Altezza – segundo os revendedores, o mais procurado – custa pouco mais de R$ 1 mil. Ele já vem com um retrovisor com tela de LCD, controle remoto e câmera infravermelha. Porém, se você já tiver monitor com entrada de áudio e vídeo (caso de alguns modelos de GPS ou de DVD player), a câmera pode ser comprada à parte por R$ 400.

Montagem/Bosch
Nessa faixa de preço, pode-se equipar seu carro com sensor de estacionamento. As concessionárias da Ford, por exemplo, cobram R$ 500 para instalar o dispositivo no Fiesta. O valor é, em média, o que pede a concorrência. Porém, há diversas opções fora da revenda. Uma delas é oferecida pela Dalgas, fabricante da linha Park Master. O diferencial do produto é que, na hora da instalação, é possível programar que o alerta leve em conta não o para-choque traseiro, mas sim o engate ou o limite do pneu de estepe – algo útil em utilitários esportivos. Instalado, o equipamento tem preço sugerido de R$ 890. A colocação demora cerca de uma hora e meia e, no caso de para-choques pintados, é preciso mandar pintar o sensor da mesma cor. A instalação exige que se façam quatro furos no para-choque.
       “O brasileiro vem se sofisticando quando o assunto é acessório”, diz Dutra. “E quando é para gastar em conforto ele está mão aberta”, afirma o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, da ADK. Ele lembra que equipamentos voltados à segurança do passageiro e pedestre ainda não são prioridade para os consumidores. “Segurança aqui é sinônimo de equipamentos contra a violência.”
Alarme é coisa do passado. A moda agora é unir o dispositivo com controle remoto para vidros e travas e ainda o sistema que aciona a buzina para localizar o carro. O kit completo, com os três itens, custa cerca de R$ 1.200, já com a mão de obra. O serviço leva pouco mais de uma hora. E vale o mesmo lembrete da câmera de ré: perde-se a garantia de fábrica da parte elétrica se o serviço for feito fora da concessionária.
       Diante desse impasse e sentido a mudança de hábito do cliente, as montadoras vêm ampliando a oferta de equipamentos, inclusive em modelos que estão na ponta de baixo da tabela de preço. Controle de som no volante, por exemplo, pode ser incorporado ao Gol I-Motion. Já Bluetooth é opcional no Palio. “Com o crescimento da demanda, tem caído o valor de equipamentos refinados como ar-condicionado com regulagem independente e câmbio automático por aletas”, diz Dutra. “Tem cliente que gasta uma fortuna para deixar o carro superconfortável”, diz Garbossa. É o preço de passar mais tempo no carro que na sala de estar.

Referência
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI112361-10337,00.html

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