sábado, 20 de novembro de 2010

ecoSport x crossFox

Carina Mazarotto// Fotos: Guilber Hidaka
Guilber Hidaka
EcoSport e CrossFox, prontos para o confronto
No meio do caminho, tinha um... baita pedregulho! Ou melhor, vários. Mas CrossFox e EcoSport não se intimidaram com o cenário escolhido para as fotos desse comparativo. Sabe como é, aventureiro que gosta de cidade já está acostumado a enfrentar muito obstáculo por aí – valeta, asfalto remendado, ladeira, trânsito... Aventura, mesmo, foi a nossa, quando decidimos colocá-los no paredão: dá só uma olhada na altura do muro em que eles foram parar, na primeira foto. Viu? Uma manobra aqui, outra ali, e pronto, lá estavam os dois à beira do abismo. Logo deu para notar que o EcoSport é mais valente na terra: passou facilmente por buracos, cascalhos e pequenos barrancos. Já o CrossFox... foi de tirar o fôlego. O hatch cansou de derrapar para sair dali.
Enquanto fotógrafo e diretor de arte trabalhavam, EcoSport e CrossFox só tinham olhos para a selva urbana. Terra que é bom, só de vez em quando. Os dois nasceram para o asfalto e, depois de renovados, confirmaram: fazem parte do grupo dos “off-road de mentira”. Maldade? Nada, pelo contrário. Ser off-road na cidade virou moda. Depois do sucesso da Palio Adventure, em 1999, a Ford acertou em cheio com o EcoSport, em 2003, e, dois anos depois, veio o CrossFox. Agora o modelo da VW quer sair na frente: ganhou os bons costumes do novo Fox, perdeu alguns exageros da versão anterior (como o quebra-mato) e está mais equipado. Mas a Ford reagiu rápido: colocou mais itens de série no EcoSport e promoveu uma leve reestilização. A frente recebeu nova grade e nomenclatura no capô, ao estilo Land Rover Freelander.
Guilber Hidaka
Na terra, o EcoSport se vira melhor que o CrossFox: passa com facilidade por buracos e pequenos barrancos
Você já deve ter visto essas mudanças nas últimas edições de Autoesporte, certo? Se não lembra, pode espiar as fotos e, depois, volte ao texto para saber o que há dentro deles. O acabamento do EcoSport, apesar de ter melhorado, ainda decepciona. Há muitos plásticos rígidos no painel e nas portas. O CrossFox traz materiais melhores de ver (e tocar), além de apliques em couro, item que também está em partes do banco – o pacote “couro” é opcional (R$ 3.486). O banco do motorista do Eco oferece ajuste lombar (no CrossFox só há regulagem do encosto e altura), mas o quadro de instrumentos, apesar do novo grafismo, ainda deixa a desejar – o do rival traz mostradores digitais com melhor visualização. O volante de Passat CC (opcional) tem “a” pegada: seu desenho encaixa direitinho nas mãos. E ainda traz regulagem de altura e profundidade, enquanto no EcoSport só é possível ajustar a altura. Trocar de estação pelo volante também é mais fácil no VW. No Ford, o controle do som fica em uma palheta do lado esquerdo do volante, e exige certa adaptação.
A dirigibilidade é mais interessante no CrossFox. O motor continua o mesmo 1.6 VHT de 104/101 cv (álcool/gasolina), combinado ao câmbio bem-sucedido de Gol e Polo, com trocas precisas e curtas. Já o propulsor 1.6 do EcoSport está menos potente devido às novas normas de emissões de poluentes. Agora o Ford tem 107/101 cv, contra 111/105 cv de antes. Isso deixou o jipinho mais lento, como aferimos em nossos testes. Na aceleração de 0 a 100 km/h, por exemplo, o Eco precisou de um 1,2 s a mais que a versão anterior – e 0,9 s a mais que o rival.
Guilber Hidaka
Com novos farois e sem quebra-mato, o aventureiro da VW ficou mais bonito. Bom conjunto mecânico e oferta de equipamentos são destaques. Já a versão Freestyle do EcoSport não oferece freios ABS e airbags nem como opcionais. Vale procurar as outras versões
Na estrada, o Ford vai muito bem. É mais econômico e bem disposto nas ultrapassagens, apesar de perder um pouco de fôlego com o ar-condicionado ligado. A suspensão, porém, transmite menos firmeza que a do VW. Em altas velocidades, dá até para ver os vidros dos retrovisores laterais chacoalhando. A 120 km/h, o conta-giros é um pouco mais sereno que o do rival: gira a 3.300 rpm, enquanto o motor do VW trabalha a 3.600 rpm. Os dois são equipados com pneus de uso misto. No caso do EcoSport Freestyle, os Pirelli Scorpion ATR são de série, com perfil mais alto (205/65 R15) que os do CrossFox (205/60 R15, opcionais).
O hatch da VW sai na frente na cidade. É mais ágil, fácil de manobrar e (aí sim!) passa por buracos com a pompa de um jipe – a altura livre do solo chega a 16 centímetros. Mas nesse ponto o Eco também é mais valente, com 20 cm de vão livre. O que atrapalha no CrossFox é o estepe traseiro. Apesar de ser uma de suas principais inovações – já que agora está fixado ao para-choque e não na coluna traseira –, o estepe toma quase metade do vidro traseiro, atrapalhando a visão. No EcoSport, ele não incomoda tanto. Aliás, vamos combinar: esse estepe, nos dois casos, só atrapalha. Para ter acesso ao porta-malas é preciso puxar o carro para frente e, aí, sim, liberar espaço para a porta abrir. No caso do VW, agora ficou mais fácil. Basta puxar o estepe para o lado que a tampa destrava automaticamente, mas ainda assim é preciso afastar o carro. Por falar em porta-malas, o EcoSport leva vantagem: 288 litros contra 257 l, além de seu compartimento ter menos reentrâncias.
Guilber Hidaka
O novo CrossFox parte de R$ 46.090 e o Ecosport 2011, na versão avaliada (FreeStyle), sai por R$ 57.190. Quase R$ 10 mil a menos? Sim, é porque quase tudo no Cross é opcional. Então, vamos encher esse pacote: com ar-condicionado (R$ 3.880), acendedor e cinzeiro (R$ 45), rodas de liga leve aro 15 (R$ 440), CD player com MP3, USB, SD Card e Bluetooth (R$ 1.011), volante multifuncional (R$ 289) e para-brisa degradê (R$ 996), o VW fica no patamar de equipamentos do EcoSport, por R$ 52.721.
E ainda assim há diferenças aí: no meio desses opcionais, o CrossFox também ganha sensor de chuva e a função “Coming Leaving Home” (faróis ficam acesos por um tempo depois de descer do carro para iluminar seu caminho). O EcoSport traz como exclusividades a entrada para iPod e o compartimento refrigerado no painel. Mas o CrossFox vai além, e oferece opcionais interessantes como freios ABS, airbags frontais, sensor de estacionamento e teto solar. Completo, o VW alcança impagáveis R$ 61.801. Ainda assim, ele vence a disputa. Além do conjunto mecânico mais acertado, o CrossFox é mais moderno e oferece um ambiente interno agradável, seja pelo acabamento ou pelas opções de equipamentos.

referência
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI141404-15846,00.html

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